sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Há coisas que não acontecem só nos filmes.

Estava eu muito descansadinha em casa quando oiço um reboliço na rua, a vizinha andava um tanto histérica. Bem a senhora acho que não regula lá muito bem faz tempo. Sabem aquelas senhoras já de meia-idade que praticamente não falam com muita gente e tem milhares de gatos em casa? Bem ela já foi assim. Nada contra os bicharocos. Era ter 16 gatos (sem exagero) à porta de casa, mais 2 cães e 2 gatos em casa que não podiam sai à rua senão sabe-se lá o que é que podiam fazer. D’um deles eu até tinha medo dele. Toda a gente gozava comigo quando eu dizia que tinha medo do gato da minha vizinha, mas era a mais pura das verdades! Era um persa. Mau como as cobras, o gato não me suportava, nem eu a ele. Chegar perto da janela quando ele estava lá era sentença de morte, ou pelo menos que ficar sem um dedo, tal não era o amor de bicho.

Ontem por volta das 23h, mais coisa menos coisa, alguém lhe bateu à porta e fugiu. E o que é que lhe deixaram à porta?! Um gatinho! Parecia um filme do século XX, quando as mães deixavam os seus filhos à porta dos conventos, batiam e corriam antes de as verem. Tal e qual. Já não conseguiram ver quem tinha sido, supõe-se que eram duas pessoas, uma para abandonar a criatura e outra para segurar o portão. O bichano estava dentro de uma daquelas casotas portáteis, junto dele vinha uma saqueta de comida, as coisinhas da desparatização e ainda um bilhete "És a família que eu procuro. O meu nome é Pipo." Eu não sei o que é que consegue ser mais ridículo, se o facto de terem abandonado o gato assim com um bilhete ou o facto de invadirem uma propriedade privada desta forma. Sinceramente não percebo como é que há pessoas de descer tão baixo! É o jogo do toca a foge, mas com brinde. Pensando no Pipo, era bem melhor para ele deixa-lo num sitio onde soubessem que ele ficava bem do que ao pé do lixo, é verdade, mas podiam ter o mínimo de bom senso e ao menos falar com as pessoas em questão e serem responsáveis!!

Conclusões: O Pipo já tem uma familia que o vai mimar muito. E os portões vão passar a ficar trancados. Quem entra para deixar um gato, entra para fazer outra coisa qualquer bem pior.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

sábado, 20 de agosto de 2011

Podem ser muito giras. As mais giras. As melhores em tudo.
Mas coitadinhas, quando abrem a boca... é de correr para bem longe de tanta lebreguisse junta.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

# 4

Há uns meses uma amiga da minha família descobriu que estava grávida. Claro está uma alegria para o casal e para os que os rodeiam, especialmente para o pimpolho que eles já tinham. Nunca tinha visto uma criança tão carinhosa para com os outros, especialmente bebés. Há crianças que simplesmente não se interessam por qualquer ser “estranho” no espaço deles, é quase um alvo a abater, porque se querem afirmar perante os pais, educadores ou demais. Mas ele não. É claro que tinha os seus momentos de diabrete, mas mesmo assim estava de olho nos outros. Lembro-me perfeitamente de um dia que ele sem querer magoou outra bebé, não foi nada demais, mas para ele aquilo era quase o fim do mundo. Acho que é nestes momentos que se vê o quão puras são as crianças. Quem é que nunca olhou para um pequenote, num hipermercado ou num jardim, e simplesmente sorriu? Eu faço isso quase constantemente. E sim, às vezes tenho medo que os pais, se estiverem por perto, façam má cara ou algo do género. Não faço isto por maldade, obviamente, é algo que não consigo controlar, inato. Para ser sincera, acho que tenho saudades de ser assim, pequenina, sem grandes responsabilidades.

A ideia de ter uma irmã, não foi logo aceite, é claro eu ter alguém com quem poder jogar à bola ou brincar com carrinhos, na cabecinha dele era muiiito mais divertido. Mas ele lá se conformou, coitadinho, que remedia tem ele. Quando nos vieram cá dar a notícia, e dizer que era uma menina, falei com ele e perguntei se ele não estava contente por ir ter uma mana para brincar com ele. Disse que sim, disse-lhe que quando a irmã fosse maior ele podia ensiná-la a jogar á bola e assim brincavam os dois e a situação resolvia-se. Minutos depois até disse que não ia deixar a irmã namorar, afirmação crucial para a aceitação, e que me convenceu, diga-se.

Acontece que surgiu a hipótese da menina ter problemas genéticos, leia-se uma malformação no cromossoma 21. Pergunto-me como é que se explica isto a uma criança… Se para os pais este é um aviso altamente assustador, explicar este tipo de situações a uma criança. Como é que se vai explicar, caso se confirme, que a irmã vai ser um bocadinho diferente dos outros meninos, a alguém que quer saber sempre mais e mais sobre tudo? Talvez estas respostas sejam bem mais simples de dar. Talvez esteja eu demasiado estereotipada pela sociedade. O certo é que a minha reacção foi diferente das outras. Eu não lamentei, eu não tive pena, eu não senti uma grande emoção, reagi com a naturalidade possível nestes casos, vinda não sei de onde. Não sei se é pelo futuro que me espera, se é pelas poucas aprendizagens que tenho num ano de licenciatura, apenas sei que a minha reacção foi de alguém que não se “importa” com o que os outros pensam. Eu não me quero fazer entender mal, é claro que para mim foi um balde de água gelada que me caiu em cima, e de todo nada comparável ao daqueles pais, apenas para mim a diferença pode ser uma virtude, e é assim que eu tento encarar este tipo de situações. Enquanto há pessoas que vão achar que aquela criança, que pode ser muitíssimo mais genuína que muitos miúdos que por aí andam, não vai ter o mais brilhante dos futuros devido à sua condição, eu vejo uma forma de marcar a diferença. Cada etapa, uma nova conquista. Todos os dias. Porque é possível basta acreditar e infelizmente ainda há miúda gente que não acredita.